segunda-feira, 16 de junho de 2008

PÚBLICO OU PRIVADO ?

Em certa reunião de condôminos, convocada às pressas pela síndica...
Síndica – Boa noite para todos, gostaria de abrir a pauta desta noite com um assunto do interesse de todos vocês: o conteúdo de seus lixos. Analisando os dados que me revelaram seus lixos, cheguei à conclusão de que algumas práticas, adotadas entre os moradores deste prédio familiar, devem ser banidas mais do que depressa. Um exemplo é o Sr. Fábio, o senhor pretende abrir um novo negócio em nosso prédio?
Fábio – Ah sim, tenho me interessado bastante pelo ramo da informática e tenho feito algumas pesquisas com este fim, mas o que isso tem a ver com meu lixo? Sei que não tenho separado os recicláveis, mas sabe como é, o corre-corre do dia-a-dia. Mas “estarei tomando” providências a esse respeito!
Síndica – Ah! Bem, não foi exatamente este tipo de negócio que eu tinha em mente. Nem é exatamente esse o problema. A julgar pelas embalagens encontradas no seu lixo, poderia jurar que o senhor pretende abrir um Sex Shop, brinquedinhos exóticos esses que o senhor anda comprando não? - Fábio muito sem graça, não chega a se defender, apenas mantém-se em silêncio. Por sua vez a síndica prossegue em seu impiedoso julgamento.
Síndica – Mas o que realmente me preocupa é o problema de Rose e seu namorado, Mário. Os bilhetinhos de um jogados fora, as fotos do outro rasgadas no lixo e ambos com novos vícios, Mário começou a fumar, pois encontrei em seu lixo embalagens e bitucas de cigarro, e Rose?! Agora toma antidepressivos, até mesmo o lixo de vocês anda numa fase meio down, por que não tratam logo de arrumar novos namorados? A fila anda minha gente! - Ambos se entreolham num misto de constrangimento e raiva. Em seguida voltam seu olhar para Fábio, que nesse momento encontra-se com o braço erguido, requisitando a palavra.
Síndica – Pois não?
Fábio – Eu concordo plenamente com a importância do lixo no julgamento que fazemos do comportamento alheio.
Síndica – Eu estou certa a respeito disso.
Fábio – A senhora, por exemplo. Vejam só que outro dia encontrei em seu lixo algo que me deixou profundamente tocado.
Síndica – Em meu lixo?!
Fábio – Sim, encontrei em seu lixo os restos de uma simpatia, que creio eu não deu muito certo não. Velas, mel, até li a tal da simpatia, era para arrumar namorado, mas como não vejo a senhora com ninguém, e os “elementos mágicos” estavam no lixo...
Síndica - Ora, mas quanta presunção e que invasão de privacidade!
Rose – Já que o senhor tocou no assunto, eu também vi o tal lixo, mas acabei vendo mais do que gostaria, consegui ler o papelzinho que estava dentro do mel e adivinha qual era o nome escrito nele? – Nesse momento, Rose olha para Mário.
Mário – Eu não tenho nada com isso, eu já te disse um milhão de vezes que nunca tive nada com essa aí, aliás, se tivesse para que ela precisaria fazer uma simpatia com meu nome?
Síndica – Já que concluímos que o lixo é privado e não público e que deve permanecer onde está, a reunião está encerrada! Obrigado a todos pela presença e Boa Noite. - Disse a Síndica saindo de fininho.

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